domingo, 16 de março de 2014

Frankenstein, ou o Prometeu Moderno

(Frankenstein; or, the Modern Prometheus, 1816, Mary Shelley)


Olá, leitores! Hoje postarei minha primeira resenha sobre um livro da literatura fantástica e irei relaciona-lo com suas principais adaptações cinematográficas. O escolhido da vez foi "Frankenstein ou o Prometeu Moderno" ou, como é mundialmente conhecido, apenas Frankenstein.

Antes devo confessar que Frankenstein não era o primeiro livro que tinha em mente para colocar como a resenha aqui no blog. Carrie, a Estranha era uma das minhas primeiras opções, pois nada melhor que estrear com um livro que foi a estreia de um dos meus escritores favoritos e também o primeiro de seus contos que foi adaptado pro cinema, fora que já havia visto à todas as adaptações dele e lido o livro, esse último, porém, há um bom tempo atrás e não tinha a história fresca em minha então seria um tanto de má fé fazer uma comparação "filmes versus livro" sem lembrar realmente como a história era, então fui atrás do livro na biblioteca (pois, foi o livro deles que havia lido anteriorente) porém não havia mais, e nos sebos também não tinha e meus amigos muito menos e como nesse meio tempo de procura eu já havia comprado o livro de Frankenstein, então resolvi usá-lo para  a minha primeira resenha dessa modalidade. Mas, Frankenstein é tão digno de ser o primeiro em nossa resenha quanto Carrie! Não por menos: também foi o conto de estreia da escritora Mary Shelley, o primeiro de ficção científica e também um dos primeiros de terror! Portanto estamos começando em grande estilo também!

A história de como Mary Shelley concedeu esse conto é no mínimo interessante, digno de nota antes de lhes dar uma resenha: era uma noite de novembro (assim ela também denominou a noite em que Frankenstein "dá luz" a sua criatura no conto) de 1816 chuvosa; encontravam-se Mary, seu marido e poeta Percy Bhysse Shelley e seus amigos e também escritores John Polidori e Lord Byron (dono da residência a qual estavam pousando). Por estarem confinados pela grande tempestade eles resolvem ler alguns contos de terror alemães e após a leitura Lord Byron propõe que cada um escrevesse um conto também de terror. Lord Byron escreveu um pequeno conto que mais tarde seria fragmentado ao seu poema Mazzepa, Polidori escreveu um romance chamado "O Vampiro" que foi considerado um dos primeiros a descrever essa criatura como a conhecemos hoje e que, incrivelmente, influenciaria mais tarde Bram Stoker em seu romance "Drácula". O casal Shelley foram os únicos que não haviam tido ideias àquela noite, porém, no dia seguinte, á partir de uma conversa que seu marido e Byron tiveram sobre o princípio da vida e questões que alguns famosos alquimistas levantaram sobre a criação da mesma, Mary, naquela noite, teve pensamentos sobre essa conversa que a deixaram perplexa e sem sono: um homem que se atreveu, através da alquimia e ciência, criar um humano, porém, a sua experiência não é satisfatória e a criatura deformada passa a atormenta-lo! Esses pensamentos fizeram com que Mary Shelley os colocasse no papel aderindo a proposta de Lord Byron, assim nascendo o conto de Frankenstein! P.S.: É incrível perceber que num mesmo dia, ou melhor, noite, surgiram dois dos monstros que se tornariam grandes personagens da cultura popular e literária: o monstro de Frankenstein e Drácula.

Este conto foi escrito através de uma narrativa-quadro (quando uma história contém outra), contado através de cartas do personagem Robert Walton para sua irmã, que em uma expedição rumo ao Pólo-Norte, cujo ele é o capitão, acaba encontrando o cientista Victor Frankenstein. o acolhendo; é então que esse começa a lhe contar sua história.
Frankenstein era de uma família nobre de Genbra cujo seu pai era o barão e com sua mãe, Caroline Beaufort, teve mais 3 filhos: Ernest, Willian e uma órfã que adotaram de uma família pobre italiana, chamada Elizabeth, que possuía mais ou menos a idade de Victor e mais tarde se tornaria seu amor. Ele sempre se interessou por ciências naturais e é quando, ao completar 17, anos resolve ir para a universidade de Ingolstadt na Alemanha para estudar isso. Mas, pela morte de sua mãe por Escarlatina, ele adia a viagem.
Ao conseguir começar seus estudos, Victor tem grande interesse em anatomia e pela crição da vida, sugeridos por grandes alquimistas como Paracelsus e Albertus Magnus, o que é condenado pelo professor Kremp, mas recebe apoio do professor Waldman. Não se deixando aborrecer, Victor, cada vez mais interessado na criação da vida, resolve criar uma idêntica ao ser humanao porém, com mais força e magnificência, então ele recorre á junção de partes de corpos de pessoas mortas para construir essa criatura. E numa noite chuvosa de novembro (assim, como a autora sugeriu lá em cima) ele "dá luz" a sua criatura, mas ao perceber a aparência patética e repugnante que ela dotou, ele cai em desgosto e resolve abandonar tudo, inclusive a criatura em seu laboratório e sai pelas ruas de Ingolstadt, quando, cansado para em uma casa de repouso onde, de repente, encontra seu amigo Henry Clerval que veio justamente saber notícias dele e levar a sua família, pois há um bom tempo Frankenstein não havia se comunicado com eles.
Frankenstein, fica sabendo do assassinato de seu irmão Willian e que uma criada Justine Moritz foi condenada, o que ele acha estranho, pois, Justine era de confiança e incapaz de executar um ato desses. Assim, abalado, ele e Henry resolvem voltar a Genebra. Durante o caminho, Victor acredita ter visto sua ciatura por entre as árvores o seguindo e ao chegar em casa e saber de como Willian foi morto e porquê Justine foi incriminada, suas suspeitas crescem ainda mais, fazendo com que acredite que sua criatura pode ter sido o assassino. Justine é condenada a morte.
Abalado com os últimos acontecimentos, Frankenstein, resolve escalar o Monte Branco e passar uns dias nele, é quando ele encontra sua criatura. [ALERTA DE SPOILER!!! A PARTIR DAQUI A RESENHA ENTREGA PONTOS IMPORTANTES DA HISTÓRIA. CASO NÃO TENHA LIDO LIVRO, RECOMENDO NÃO LER E PULAR PARA A PARTE QUE JÁ NÃO É MAIS SPOILER, MAS CASO QUEIRA, LEMBRE-SE QUE SERÁ POR SUA CONTA E RISCO!]O monstro, que agora dotado de fala e movimentos bem articulados, leva Victor até seu abrigo e resolve contar sua história. Após ter sido abandonado por Frankenstein, a criatura andou desorientada nas florestas até acabar numa cabana onde, escondida, aprendeu a ler e escrever e um dia quando foi se apresentar para os residentes dela, foi mal tratado devido a sua aparência e isso se repetiu quando encontrava outros camponeses. Amargurado pela rejeição, a criatura jura vingança a seu criador. É quando ela confessa o assassinato de Willian a chegar em Genebra e incriminação de Justine para atingí-lo. Então a criatura, pede a Frankenstein que crie uma outra criatura, só que dessa vez mulher, para lhe fazer companhia e que não se sinta sozinho, ou Frankenstein iria sentir na pele do que ele era capaz.
Frankenstein, com medo, concorda e, após voltar pra casa se noiva com Elizabeth e, junto de Henry, partem para a Grã-Bretanha para realizar seu experimento, mas lá, pensamentos horríveis sobre a procriação da criatura lhe assombram o fazendo desistir do acordo. A criatura, que o estava seguindo e o observando a cada passo, enfurece-se e jura vingança na noite de núpcias de Victor e parte, mas antes mata Henry Clerval.
Frankenstein é preso acusado do assassinato de Henry, mas, por não ter provas, é liberto. Ao voltar pra casa se casa as pressas com Elizabeth e sai em lua-de-mel com ela, porém, temendo o ataque da criatura, resolve vigiar a casa até o amanhecer, mas, a criatura consegue adentrar o quarto de Elizabeth e a mata estrangulada. Frankenstein volta pra casa e conta a notícia a seu pai, que acaba caindo numa profunda tristeza e falecendo.
Victor, vendo sua vida desmoronando, resolve de caça, virar o caçado e perseguir sua criatura jurando matá-la. Propositalmente a criatura o faz perseguí-lo para terras inaptas, acabando por chegar nas gelerias, onde encontram o capitão Walton, o que deu início a história. Após, terminar sua narativa a Walton, Victor morre devido a fraqueza é então que a criatura, que novamente o estava vigiando, aparece aos prantos se lamentando pelo ocorrido e jura que irá para bem longe se suicidar e não incomodar jamais um humano novamente. Então, após o discurso ele realmente sai do návio e desaparece no horizonte.[FIM DO SPOILER]


Capa do 1º vol. da 1ª edição do livro.
A resenha acima foi baseada na 3ª edição do livro de Mary Shelley de 1831, o qual a maioria das editoreas se baseiam atualmente para publicar o conto. E possui algumas mudanças em relação as duas primeiras edições, tirando o fato de como foram lançados, pois na 1ª edição foi em 3 volumes e na 2ª, dois (e a terceira apenas um, irônico, não!); mas em relação a história, como, por exemplo, o fato do parenstesco entre Elizabeth e Victor para suavizar o "inscesto" entre os dois, pois, nas duas primeiras edições Elizabeth era prima de primeiro grau de Victor, filha do irmão de seu pai que após a esposa Sofia falecer resolve deixar a filha com o irmão. Na 3ª edição, conforme vocês viram pela resenha, Elizabeth é adotada não tendo nenhum laço de sangue com a família. Na primeira edição do livro (1818) o nome da autora não foi incluído, por causa das restrições femininas daquela época e continha apenas uma prefácio de Percy Shelley.



Frontispício desenhad por Theodor Von Holst para a edição de 1831.
Vale ressaltar também que na época em que escreveu o conto (1816), Mary tinha apenas ela tinha apenas 18 anos (logo 20 quando o livro foi publicado  primeiramente) e por causa disso, Mary foi considerada uma visionária, pois criou um dos primeiros romances de ficção científica, conforme já citei, fora os temas abordados, não só o preconceito que é o maior deles, mas também a revolução social e científica que ocorriam a época da escrita do conto. Não por menos, Mary é filha dos maiores pensadores/escritores britanicos daquela época:o filósofo anarquista Willian Godwin e a escritora feminista Mary Wollstonecraft. Ela tinha genialidade de quem herdar, né?!


O ator Thomas Potter Cooke, interpetrando a criatura na peça de 1823.
Enfim, o livro apesar das críticas negativas foi um sucesso de público, e como todo best-seller tem suas adaptações para outras mídias, com Frankenstein não seria diferente. A primeira foi para o teatro, em 1823 do diretor Richard Brinsley Peake. Já nos cinemas, a primeira adaptação consta de 1910, pela Edison Studios. Mas isso é um assunto pra seção "Dádivas e Dúvidas" que criarei para resenhas de livros a qual o relacionarei com os principais filmes adaptados.

Mas, antes, de irmos pra essa seção e antes que eu me esqueça e deixe vocês se perguntando "e o que diabos o tal Prometeu Moderno do título tem a ver com a história?!", pois então, Prometeu foi um titã da mitologia grega que roubou dos deuses o dom de fazer fogo e por isso foi severamente punido por Zeus. Entenderam agora a relação da lenda com o conto? Mary Shelley, nada mais quis que nos dar uma lição de moral que beira o cristianismo, dizendo que não se pode bancar Deus, como Frankenstein fez tentando conceber o dom da vida a uma criatura e sofrendo a consequência através dos atos da mesma, tái o Prometeu Moderno (que já nã é mais tão moderno assim, rsrs, brinks!). Bom, agora vamos ao que interessa!


Dádivas e Dúvidas

A criatura, interpretada por Charles Ogle, no filme de 1910.
Conforme havia dito, todo bom livro que se preze, ou que tenha um enorme sucesso comercial, é adaptado a outras mídias e o cinema é a principal delas, e que, na mioria esmagodara dos casos, é responsável pelo sucesso do mesmo. Com Frankenstein não foi diferente. A primeira adaptação cinematográfica (como també já falei) é a de 1910, que, levando em consideração a época de produção, é um filme mudo e curto (apenas 16 min.) dirigido e roteirizado por J. Searle Dawley, no qual a criatura, no final da história, após ver o amor entre Elizabeth e Frankenstein resolve daixá-los em paz (me desculpem o Spoiler!).
A segunda adaptação cinematográfica também é da época muda do cinema, porém da época onde já começavam a se produzir longas e data de 1915. O filme se chama "Life without Soul", dirigido por Joseph W. Smiley contando a história de um cientista que cria um homem sem alma,mas no final, tudo não passava de um sonho que teve ao pegar num sono lendo o livro de Mary Shelley. Esse filmes é um dos muitos filmes considerados perdidos, o que é uma pena, já que conforme a sinopse e fotos do filme que tem pela internet, parece ser bem interessante. Mas Frankenstein só é conehcido atualmente devido à suas adaptações cinematográficas, sendo fiéis ou não ao livro, produzidas perto da metade do século passado e é delas que falaremos com maior ênfase a seguir.

DÁDIVAS:

  • Frankenstein (1931, James Whale)

É uma das mais famosas adaptaçãoes e é responsável por lançar a criatura como a conhecemos hoje: que, diferente do livro (e que não citei lá em cima) na qual ela tem pele e olhos amarelados dando para ver suas veias e artérias, aqui a criatura tem a pele esverdeada com a cabeça achatada e dois eletrodos no pescoço.

Aqui o cientista Frankenstein (Colin Clive) tem como seu primeiro nome Henry e, não me pergunte porque a troca, o nome de seu melhor amigo no filme é VICTOR (John Boles -  e ainda recebeu o sobrenome Moritz, que no livro era da empregada Justine, como seu). Não sei se na peça em qual o filme se baseou (sim, o filme é baseado na adaptação teatral de 1927 de Pegy Webling), os nomes também eram trocados, mas, aqui Frankenstein é mais usado (acho que para não confundir muito o espectador) para se referir ao cientista (e que no final das contas acabou erroneamente sendo associado a criatura, mas tocamos nesse assunto depois!).Victor junto de Elizabeth (Mae Clarke), noiva de Frankenstein, partem em busca dele para saber suas notícias, pois, há muito não os davam; e pra isso contam também com o outrora professor de Henry, o dr. Waldman (Edward Van Sloan). Chegando lá, mesmo sobre fortes negativas de Henry, os 3 adentram o laboratório e acabam presenciando-o dando vida a sua criatura (Boris Karloff) que ele criou através de restos mortais. Ela é mantida em cativeiro para as experiências de Frankenstein; só que num dia, a criatura, que até então mostrara-se dócil, rebela-se e mata o atrapalhado assistente de Frankenstein, Fritz (Dwight Frye, que mesmo interpretando crápulas e/ou louco nos filmes continua sendo simpático) e é dificilmente contida por Frankenstein e Waldman.
Frankenstein exausto pelos últimos acontecimentos, resolve deixar as experiências com a criatura com Waldman e volta para casa para se casar com Elizabeth. Porém, a criatura escapa [SPOILER] deixando uma trilha de assassinatos (na verdade só dois: do dr. Waldman e uma menininha que encontrou na floresta) e causando a revolta das pessoas que partem na caça da criatura, acompanhadas pelo seu criador Frankenstein, até cuminar no embate final entre criador e criatura. [FIM DO SPOILER]

O filme foi um sucesso de público e crítica, sendo aclamado até hoje. Esse filme junto de Drácula (produzido anteriormente no mesmo ano e com Bela Lugosi no papel do vampiro) foram responsáveis por lançar o legado da Universal como uma das principais produtoras de filmes de terror. O filme também elevou Boris Karloff ao status de Astro do Terror, o que fez com  ele fosse eternizado no papel do monstro (crédito também para a maquiagem de Jack Pierce, que até hoje é mantida sobre ditreitos autorais da Universal, não podendo ser reproduzida novamente). Papel esse que ele interpretou em 3 dos 7 filmes da franquia (sendo 2 deles crossovers) que a Universal fez com enfoque no monstro, sendo o cientista (parentes de Frankenstein ou não) trocados a cada filme. Esse fato foi o causador da fama erronea de Frankenstein como o monstro e não o cientista que o criou, pois, a Universal deu bastante holofote a criatura que até em alguns filmes é referenciada como Frankenstein. Voltando ao Karloff, ele se recusou a interpretar o monstro novamente, pois, não queria que sua imagem ficasse desgastada com o monstro e fez bem, pois, a cada sequência a criatividade é decadente (novidade?!) e a figura do monstro realmente desgastada  e nessa parte reparamos que foi a Universal a responsável por criar tendências que mais tardes viriam a ser repetidas no cinema, principalmente no terror, como explorar um personagem a exaustão numa franquia e até criar crossovers com esses personagens (por isso se o terror está assim hoje em dia, a culpa é da Universal! [risos]). As sequências que fazem parte da franquia são: A Noiva de Frankenstein (1935 - Karloff ainda como a criatura), O Filho de Frankenstein (1939 - também Karloff), O Fantasma de Frankenstein (1942 - com Lon Chaney Jr. no papel da criatura), Frankenstein encontra o Lobisomem (1943 - o 1º crossover entre monstros da Universal: o Lobisomem, que é vivido por Lon Cahney Jr. que também o interpretoou no filme original e a criatura de Frankenstein que aqui é vivido por Bela Lugosi, que curiosamente havia recusado o papel do monstro no 1º filme), A Casa de Frankenstein (1944 - Glenn Strange como a criatura e Boris Karloff volta só que como o cientista), A Casa de Drácula (1945 - novamente um crossover, esse com os 3 principais monstros da Universal: o monstro Frankenstein [novamente Glenn Strange], Drácula [John Carradine] e o Lobisomem [Chaney Jr.]) e Às Voltas com os Fantasmas (1949 - uma comédia de humor negro em que o monstro é vivido por Strange novamente, sendo em algumas cenas substituído por Chaney Jr.).

Nota: 9 / 10



  • A Maldição de Frankenstein (The Curse of Frankenstein, 1957, Terence Fischer)


Essa adaptação de Frankenstein não foi só um marco pra Hammer, mas também pro cinema de terror em geral. Foi o primeiro filme dela filmado a cores; o primeiro também a ser filmado no estilo gótico (que viraria sua marca registrada), já que até então havia feito apenas filmes de terror sci-fi (que dominaram a década de 50); e também uma das primeiras refilmagens de filmes da Universal que o estúdio produziria. Porém, devido a restrição de direitos autorais que a Universal mantinha sobre vários aspectos de seu filme (inclusive a maquiagem do monstro, que aqui no filme continuou esverdeada, mas apenas essa a característica semelhante. Nesse ele tem uma aperência mais putrefata, como se a pele estivesse em decomposição), pouca coisa aqui na versão da Hammer foi baseada no filme de 1931, tendo assim que partir para elementos do livro (o que, na minha opinião, deveria ser prioridade).

A história do filme é narrada através de Frankenstein (aqui Victor como no livro - interpretado por Peter Cushing) para um padre (Alex Gallier) na prisão onde se encontra para escapar da execução. Victor conta a história desde sua adolescência (nessa fase interpretado por Melvyn Hayes), quando se torna noivo de sua prima Elizabeth (Hazel Court), contrata um tutor para ajudá-lo em seus estudos, o prof. Krempe (Robert Urquhart), até um dia, quando já adulto, resolve fazer uma experiência criando um ser humano e o dando vida. Krempe, que o havia ajudado em todos os experimentos até agora, não concorda com a idéia e vendo que Frankenstein não desistiria sai de sua casa. Frankenstein usa pedaços de pessoas mortas para construir sua criatura e quando fica faltando apenas o cérebro ele decide assassinar um professor, o sr. Bernstein (Paul Hardtmuth), para usar seu cérebro e criar um ser inteligente. Frankenstein assim o faz e, após a criatura (Christopher Lee) estar pronta, a dá vida.
Frankenstein, assim, como no filme de 1931, a mantém presa para experiências, porém ela escapa. [SPOILER] Na floresta, nas proximidades da mansão de Victor e para qual a criatura fugiu, ela mata um senhor cego (ao contrário do livro, em que ela se mostra compassiva e tem isso recíproco do velho cego que morava na cabana ao qual ela se escondeu), mas logo é capturada e morta, por Frankenstein e Krempe que faz Victor jurar que não fará mais essas experiências. Mas, logo que Krempe se afasta novamente, Victor revive a criatura e a usa para matar sua criada Justine (Valeria Gaunt), sua criada a qual também mantinha um caso escondido e que o ameaçou entregar as autoridades pelos seus feitos caso não dispensasse Elizabeth e se casasse com ela. A criatura fica fora de controle e foge novamente pegando Elizabeth como uma refém. Então numa tentativa de matar a criatura jogando uma lamparina nela, acaba matando também Elizabeth, que por incrível que pareça foi o único motivo pelo o qual ele foi preso! Assim termina sua narrativa, que não convence em nada o padre e, ao pedir o testemunho de Krempe, o mesmo nega (olha só que amigo, hein?!) e então Frankenstein vai pra guilhotina (cena, que não é mostrada). [FIM DO SPOILER]

Conforme eu havia dito o filme se baseou mais no livro que no filme da Universal (o que era pretendido), tornando-se assim, um pouco mais fiel à ele do que seu antecessor. O nome dos personagens principais estarem de acordo com o livro é um deles, a narrativa de Frankenstein ao padre também é uma alusão a no livro Frankenstein narrar ao Capitão Walton e, outra coisa que me chamou a atenção, foi o fato deles terem colocado Elizabeth como sua prima de 1º grau assim como constava nas primerias publicações do conto; até a tia Sofia, que é mãe de Elizabeth no livro, tem uma pequena participação no filme, interpretada por Noel Hood (sim, é uma mulher!).

O filme também é mais visceral e violento, mostrando um Frankenstein com um pouco mais de ambição e frieza, beirando o vilanismo (se é que não é isso!); o que acabou não agradando muito a crítica, mas, foi um sucesso de público (o povo adora uma violência!) elevando a Hammer, assim como foi a Universal, a uma das maiores produtoras de terror e fazendo também de Peter Cushing um astro do gênero. E, assim como foi com Karloff e o filme de 1931, a Hammer também produziu sequências para o seu sucesso, só que dessa vez com foco no cientista Frankenstein (meio que para corrigir o erro da Universal de ter consagrado o monstro como o mesmo) que teve Cushing o interpretando em todas as sequências: A Vingança de Frankenstein (1958), O Monstro de Frankenstein (1964), Frankenstein criou a Mulher (1967), Frankenstein tem que ser Destruído (1969) e Frankenstein e o Monstro do Inferno (1974). Houve ainda um remake desse filme em 1970 chamado "O Horror de Frankenstein".

Outro ator revelado aqui foi Christopher Lee que fez a criatura e, se nesse ele não se consagrou como astro, isso veio a ocorrer com "O Vampiro da Noite" (1958) em que interpreta o Drácula (o filme é outras das refilmagens de filmes da Universal pela Hammer, aqui como já é de imaginar é do Drácula).

Nota: 7 / 10



  • Frankenstein de Mary Shelley (Mary Shelley's Frankenstein, 1994, Kenneth Brannagh)

Essa é adaptação, até hoje, mais fiel ao livro (3ª edição), portanto puxando mais pro drama vivido por Frankenstein (e o monstro também) do que pro terror (isso não é característica do filme só não, viu, gente?! O livro também combina drama e horror! O que pra mim é o charme!). Por isso, eu, ao invés de fazer uma pequena resenha como fiz nos filmes acima, citarei apenas algumas das principais diferenças com o livro procurando entregar o mínimo possível de spoilers. Começando pela narrativa que no filme é feita diretamente pela de Victor (Kenneth Brannagh) ao Capitão Walton (Aidan Quinn).
Quanto a família de Frankenstein: seu pai (Ian Holm - lembram dele como o odiável andróid Ash de Alien, o Oitavo Passageiro?) além de barão é médico e é ele que realiza o parto de sua mãe (Cherie Lunghi) quando está está grávida de William (Ryan Smith) e morre no parto. Aliás, William é o único irmão de Frankenstein (junto de Elizabeth), sendo Ernest descartado do filme (mas, vamos combinar que no livro ele também só é um carácter a mais e em nada acrescenta a história). William também morre aqui e a empregada Justine (Trevyn McDowell) também é incrimidada, mas além de ser condenada a morte, é morta por um linchamento popular (!!!).
Ao invés de ser um amigo de infância, Henry (Tom Hulce) vira amigo de Frankenstein apenas na universidade de Ingolstadt, onde também conhece o professor Waldman (John Cleese) que se torna um de seus grandes mentores, o incentivando em sua experiência, principalmente na da criatura (na verdade o filme sugere que o professor já havia tentado a experiência da criação antes, porém sem sucesso) fazendo com que mais tarde, após sua morte, Frankenstein use seu cérebro para o monstro (assim como no filme da Hammer, só que aqui o professor morre paralelamente pelas mãos de outra pessoa, não pelas de Frankenstein).
[SPOILER: PULE OS PRÓXIMOS DOIS PARAGRFOS SE NÃO QUISER SABER REVELAÇÕES SOBRE O FILME] Uma coisa interessante do filme foi terem pego o argumento da criação de uma criatura fêmea para o monstro e realmente terem a criado (assim, como A Noiva de Frankenstein de 1935), incrementando muito bem a história. A mesma é criada a partir da morte de Elizabeth (Helena Bonham-Carter, em um de seus melhores papéis) pelas garras do monstro (Robert DeNiro) que é ressuscitada por Frankenstein, mas não para o monstro e sim para ele, porém, a mesma, ao ver no estado que se encontrava, se suicida.
E o livro termina, assim como no livro, com Frankenstein morrendo de exaustão ao terminar sua narrativa a Walton e com a criatura, que o havia seguido, arrependia e lastimosa, só que ao invés de prometer prometer fugir e se suicidar, ela sepulta Frankenstein nas geleiras e ao crêmá-lo aproveita e se suicida com as mesmas chamas, num final mais drámatico impossível! [FIM DO SPOILER]

De longe a versão mais fiel e de longe a versão que eu mais gosto, mesmo sendo puxada mais pro drama, mas afinal, como sou fã do livro, por que não gostaria de sua mais fiel adaptação? Não por menos, teve uma ótima equipe por trás: Kenneth Brannagh que além de bom ator se mostrou um ótimo diretor (Thor tá aí pra provar isso), a também ótima atuação de Robert De Niro como a criatura e que está quase irreconhecível (que eu jurava que era o Gerard Depardieu), isso graças a equipe de maquiagem liderada por Daniel Park (responsável também pela maquiagem e feitos de Guerra ao Terror e A Hora Mais Escura) e que foi indicada ao Oscar por isso. Como se já não bastasse o filme ainda conta com Francis Ford Coppola na produção que, aliás, já havia produzido e dirigido dois anos antes (1992) a adaptação filmística "Drácula de Bram Stoker", como vocês já devem imaginar, também bem fiel ao livro. Só podia ser um filmão mesmo! Merece nada menos que um dez!

Nota: 10 / 10



DÚVIDAS:

  • A Noiva de Frankenstein (The Bride of Frankenstein, 1935, James Whale)
É uma sequência ao filme de 1931 da Universal e começa de onde esse parou, nos mostrando que na verdade  nem o monstro nem Frankenstein morreram, como sugerido no final dele.

Aqui o monnstro é ainda interpretado por Karloff, e Frankenstein ainda é Colin Clive, sendo que alguns personagens do filme anterior foram excluídos do história. Outra personagem que foi mantida aqui foi a de Elizabeth, pois, tem uma participação muito importante na história, só que nesse ela é interpretada por Valerie Hobson, ao invés de Mae Clark. O contrário aconteceu com Dwight Frye, que, mesmo tendo seu personagem (Fritz) executado no filme anterior, ele volta nesse, também como um assistente corcunda, só que dessa vez do dr. Pretorius (Ernest Thesiger) que pede a ajuda de Frankenstein para criar mais vidas, mais criaturas como o monstro que ele criou e, a partir dessa aliança, será criada a noiva de Frankenstein (Elsa Lanchaster - que também interpreta Mary Shelley na introdução do filme).

O filme se baseia em trechos do livro que não foram usados na primeira sequência, como o fato de Frakenstein aprender a falar. Ou mesmo o fato de se criar uma noiva pro monstro ser usado aqui, assim como foi no filme Frankenstein de Mary Shelley, em que realmente uma criatura fêmea é criada  sendo o argumento principal do filme (ao contrário do livro). Portanto, pode-se considerar ainda como uma adaptação do livro. Mas esse é o último da franquia da Universal a se basear em outros argumentos do livro, além da criatura. As outras sequências, em comum com o livro só tem o monstro mesmo (isso, serve como aviso pros filmes da Hammer também, cujo o únco que mantém laço com o livro é o 1º, e o resto viria manter apenas o cientista Frankenstein).

Pra mim, o ponto negativo desse filme foi a introdução da comicidade através de alguns personagens, como o Dr. Pretorius e a governanta Minnie (interpretada por Una O'Connor). Acho que foi algo que não envelheceu muito bem, o que prejudica o filme, chegando a se tornar algo irritante (principalmente a personagem Minnie). No entanto, isso, foi a cereja do bolo para que o filme fosse tão bem aclamado pela crítica quanto seu antecessor, o que viria a se tornar marca registrada do diretor James Whale em seus filmes: horror com tons cômicos. Mas, como gosto é gosto, isso não me agradou, portanto...

Nota: 5 / 10

  • O Horror de Frankenstein (The Horror of Frankenstein, 1970, Jimmy Sangster)
Esse nada mais é que um remake (ou reboot, se preferir) do sucesso de 1957 da Hammer. O estúdio queria nada mais que dar um novo ar a um de seus clássicos e adaptá-lo ao público da época, incluindo um pouco mais de humor negro e erotismo, nascendo assim um Frankenstein mais inescupuloso que o interpretado por Cushing (aqui vivido por Ralph Bates).

A ambição de Frankenstein, aqui é tão grande, que nem seu pai (George Belbin) e seu melhor amigo (Graham James) escapam de suas garras, quando se põem em seu caminho. Aqui ele simplesmente se mostra bem mais maléfico do que o monstro, interpretado por David Prowse, que, aliás, pouco aparece para dar o seu ar da graça! E enquanto nos outros filmes Frankenstein é castigado; por exemplo, sendo preso, condenado a forca e até morendo; aqui, onde ele é mais canalha que tudo, ele simplesmente termina impune num dos finais mais discarado de todos!

Enfim, essa versão é mais puxada pro humor negro, mas, isso não a desqualifica e, acreditem vocês, eu curti muito essa versão do filme e (podem me crucificar) mais do que a versão de 1957. As doses de humor negro  e erotismos dada a esse filme combinam muito bem e, ao contrário de A Noiva de Frankenstein (que fique claro que é MINHA OPINIÃO), o humor aqui funciona bem melhor, visto que o que era considerado humor negro na época dele (1935) hoje já é algo bem bobo, algo que não envelheceu muito bem.

O elenco feminino também merece destaque aqui: Veronica Carlson (que já havia atuado antes em Frankenstein tem que ser Destruído da Hammer) como a apaixonada incorrespondida Elizabeth, que ainda, é feita de governanta na casa de Frankenstein (seu amado) quando esta encontra-se endivida após a morte do pai (que seu amado matou) e a ele pede ajuda acabando por receber isso, acredita?! E a outra que valha a menção é a linda atriz Kate O'Mara que interpreta a empregada (acrescente sexual) Alys.

Nota: 8 / 10

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